sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

[Natal: festa da humanidade de Deus e da comensalidade humana]


Verdadeiramente, eu nunca pensei postar algo deste autor, mas Deus muda o curso da história... E agora estou aqui, de coração aberto. 
"O Natal é repleto de significados. Um deles foi sequestrado pela cultura do consumo que, ao invés do Menino Jesus, prefere a figura do bom velhinho, o Papai Noel, porque é mais apelativo para os negócios. O Menino Jesus, ao invés, fala da criança interior que carregamos sempre dentro de nós, que sente necessidade de ser cuidada e quando, já crescida, tem o impulso de cuidar. É aquele pedaço do paraíso que não foi totalmente perdido, feito de inocência, de espontaneidadea, de encantamento, de jogo e de convivência com os outros sem qualquer discriminação..
Para os cristãos é a celebração da “proximidade e da humanidade” de nosso Deus, como se diz na epístola a Tito (3,4). Deus deixou-se apaixonar pelo ser humano que quis ser um deles. Como diz belamente Fernando Pessoa em seu poema sobre o Natal: “Ele é a eterna Criança, o Deus que faltava; ele é o divino que sorri e que brinca; a criança tão humana que é divina”.
Agora temos um Deus criança e não um Deus, juiz severo de nossos atos e da história humana. Que alegria interior sentimos quando pensamos que seremos julgado por um Deus criança. Mais que nos condenar, quer conviver e se entreter conosco eternamente.
O seu nascimento provocou uma comoção cósmica. Um texto da liturgia cristã diz de forma simbólica:”Então as folhas que farfalhavam, pararam como mortas; então o vento que sussurava, ficou parado no ar; então o galo que cantava, parou no meio de seu canto; então as águas do riacho que corriam, se estancaram; então, as ovelhas que pastavam, ficaram imóveis; então o pastor que erguia o cajado, ficou como que petrificado; então nesse momento, tudo parou, tudo silenciou, tudo suspendeu o seu curso: nasceu Jesus, o Salvador das gentes e do universo”.
O Natal é uma festa de luz, de fraternidade universal, festa da família reunida ao redor de uma mesa. Mais que comer, comunga-se da vida de uns e de outros e da generosidade dos frutos de nossa Mãe Terra e da arte culinária do trabalho humano.
Por um momento, esquecemos os afazeres cotidianos, o peso da existência trabalhosa, as tensões entre familiares e amigos e nos irmanamos na alegre comensalidade. Comensalidade significa comer juntos ao redor da mesma mesa (mensa) como se fazia outrora: todos da família se reuniam, conversavam, comiam e bebiam à mesa, pais, filhos e filhas.
A comensalidade é tão central que está ligada à própria emergência do ser humano enquanto humano. Há sete mihões de anos começou a separação lenta e progressiva entre os símios superiores e os humanos, a partir de um ancestral comum. A singularidade do ser humano, à diferença dos animais, é reunir os alimentos, distribui-los entre todos, começando pelos mais novos e pelos idosos e depois entre todos.
A comensalidade supõe a cooperação e a solidariedade de uns para com os outros. Foi ela que propiciou o salto da animalidade para a humanidade. O que foi verdadeiro ontem, continua verdadeiro hoje. Por isso nos dói tanto ao saber que milhões e milhões não têm nada para repartir e passam fome.
No dia 11 de setembro de 2001 ocorreu a conhecida atrocidade: os aviões que se jogaram contra as Torres Gêmeas. No ato, morreram cerca de três mil pessoas.
No mesmo dia, exatamente, 16.400 crianças, abaixo de cinco anos, morriam de fome e de desnutrição. No dia seguinte e durante todo o an doze milhões de crianças foram vitimadas pela fome. E ninguém ficou e fica estarrecido diante desta catástrofe humana.
Neste Natal de alegria e de fraternidade não podemos esquecer esses que Jesus chamou de “meus irmãos e minhas irmãs menores”(Mt 25, 40) que não podem receber presentes nem comer qualquer coisa.
Mas não obstante este abatimento, celebremos e cantemos, cantemos e nos alegremos porque nunca mais estaremos sós. O Menino se chama Jesus, o Emanuel que quer dizer: “Deus conosco”. Vale esse pequeno verso que nos faz pensar sobre nossa compreensão de Deus, revelada no Natal:
Todo menino quer ser homem.
Todo homem quer ser rei.
Todo rei quer ser ‘deus’.
Só Deus quis ser menino”.
Feliz Festa de Natal do ano da graça de 2014."
Leonardo Boff
Fonte: http://leonardoboff.wordpress.com/

domingo, 30 de novembro de 2014

Um propósito de Natal


“Vou me escrevendo, vou voltando ao papel, caneta, expresso e luz tênue, vou sentindo que nesse barco ou nesse trem, ou onde melhor lhe convêm, não posso deixar de me recriar todos os dias, sonhando sonhos novos, alcançando sonhos velhos e mudando sonhos que não me levaram a nada.

Opiniões mudam a todo instante, princípios são caminhos eternos, luzes às vezes se escondem nas nuvens, nuvens se dissipam com o calor da luz do Sol interior que vem brotar em mim num advento de sonhos, reconstruções e direções certeiras para o coração daqueles que me cercam.


Aprendi com um tal Papa que a alegria é marca fundamental do meu eu, do meu eu que não é meu, mas nasceu para um tu e para uma vida pautada por recomeços e chances, para um perdão que se faz nada diante da misericórdia do Infinito, e nessa alegria vou sonhando e desejando, que como neste tal evangelho, eu possa surgir para aqueles que me são apresentados e encorajá-los: Alegrem-se.”


Junior Takanage

30.XI.2014

segunda-feira, 12 de maio de 2014

[Da Imortalidade de quem ama]

Caminhamos sem rumo
Na direção de um não sei o que
E sem saber onde chegar.

Luzes e trevas são parte
Mas a pergunta que me faço
É para onde?

Vidas se vão,
Outras começam,
E no fim de tudo...

Amor as vezes se deixa
Cuidados as vezes se perdem
Mas e eu?

Quanto faço?
Quanto amo?
Será que amanhã...

Será que hoje?
Ou nunca mais?
Amar e se perpetuar.

Tantas e tantas o amor
Nada mais é
Ou foi

Hoje só sei
que quero me eternizar
Por quanto amei

E jamais ter
A incerteza
de que poderia

E deixei de amar.

JUNIOR TAKANAGE

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Acaso não ardia nosso coração?



Ando pensando em um mistério que me sobrepassa. Pensava naqueles que alguns dias depois do maior fato histórico do mundo, caminhavam rumo ao seu povoado, tristes, abatidos, conversando sobre o que havia ocorrido, comentando quem sabe suas dores, suas memórias, seus aprendizados, seus sonhos...

Eles levavam uma história vivida, tinham seguramente, em seu coração, um canto de alegria pela grande vivência que lhes foi concedida, mas também um canto fúnebre de dor e falta de esperança, pois aquele que tanto havia anunciado, morrera como mais um, ou até pior, como menos um.

Aquele que lhes havia dado um sentido ao existir, que havia ido ao seu encontro já não estava ali, já não havia um olhar que lhes acalmara, já não havia mais um sonho pelo qual lutar, já não havia um que, um para que, já não havia...

Mas de repente alguém se lhes aproxima! Começa conversar e desentendido que se faz, se apresenta e, espera talvez que eles o reconheçam pelo olhar! Mas a dinâmica estava tão mudada, suas almas, quiças, tão fechadas a uma realidade cruenta presenciadas e inesquecíveis, que não era possível perceber de quem se tratava.

No entanto, se tratava de um bom amigo, alguém que era digno de ao cair a tarde receber o convite para permanecer com eles, pois o caminho se faria perigoso! É, realmente, não haviam reconhecido, mas se permitiram uma chance de vivenciar um pouco mais do que fora aprendido, dando a este homem, “que sabe-se lá quem era”, uma hospitalidade, uma mostra de amor!

E aí se faz toda diferença! Pois eles novamente abrem em sua vida um convívio, ainda que num curto espaço de tempo, onde o partir o pão faz tornar-se notável que ali, quem estava, era aquele que lhes devolvia a esperança aos olhos, os sonhos ao coração e fé de uma vida que valeria pra sempre ser entregue!

Ele se colocou junto deles, caminhou com eles, como podem não havê-lo reconhecido? Afinal, tanto vivenciaram, tanto se olharam, tanto conversaram antes de que tudo passasse... é justamente isso que me sobrepassa! Este mistério que anuncia que muitas vezes, não é a forma com que se fala, ou talvez, não é o simples olhar o que marcamos nos demais. Pode ser que a dinâmica do encontro muitas vezes não funcione nas palavras, mas funcione no partir o pão.


JUNIOR TAKANAGE

quinta-feira, 8 de maio de 2014

[De Versos e Reversos diversos]


De sombras e luzes, de dúvidas e evidências, de sonhos e realidades, de dores e alegrias, de certezas e incertezas, assim vou construindo um caminho que parece não ter fim, conclusões ou ao menos um ponto seguido de uma frase contínua.

Sonhar tantas vezes é complicado quando se instala uma realidade que não te permite criar espaços para buscar os sonhos, mas também é tão complicado viver uma realidade que te oferece sonhos incabíveis em si mesmos.

Novamente a angústia do filósofo se instala e a pergunta por um espaço, ou ao menos um pequeno espaço de eternidade neste mundo infindo de dúvidas e sensações se faz novamente presente.

Não se trata de um até quando, nem mesmo de uma solidão imemorável, trata-se de um espaço que foi preenchido mas que requer tantas e tantas vezes chacoalhar-se e perguntar-se por onde ir!!!

Trata-se de buscas infinitas que possivelmente terminarão ao encontrar o que alguns chamam tesouro, o que outros chamam sonho, o que a moda conclama: um ser que rege a humanidade, trata-se de um infinita busca que se concretiza em um único olhar, em um apego que se faz presente na alma e que nunca abandona, trata-se daquilo que a grande maioria e eu mesmo chamamos DEUS.

JUNIOR TAKANAGE

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